12 de outubro de 2012

Odisséia


Sua alma mal havia terminado de explodir gritando cores quando ele caiu com a cabeça encharcada de suor no travesseiro. Ofegante e ainda lutando para voltar a si, a ideia de descobrir o esconderijo do sorriso mais bonito do mundo surgiu em sua mente.

E viu-se desbravando uma floresta de verde espesso e infinito, correndo entre plantas das mais diversas formas e tamanhos, em busca de algo. Parou de ouvir o farfalhar do mato ao descobrir-se que caminhava com dificuldade, neve até os joelhos, no cume da montanha mais alta do planeta. Parou de tremer de frio ao perceber-se mergulhando na espuma de uma onda, nadando em direção ao fundo de todos os oceanos, esperançoso de avistar um semblante do sorriso. E seus pulmões pararam de arder ao avistar-se cambaleando num deserto alaranjado, Sol a pino, queimando sua pele.

Enxugou a testa e abriu os olhos, percebendo que estivera sempre no seu quarto. Ainda era o meio da tarde e ela estava deitada ao seu lado. Nua como ele. E, no momento que ela sorriu, fazendo seus olhos se apertarem e sorrirem junto com os lábios, ele sorriu de volta. Sorriu sem ar, sorriu confuso, sorriu com certeza.

Havia descoberto o sorriso mais bonito do mundo. E entendeu finalmente que o sorriso mais bonito do mundo sempre estivera com ele.

O sorriso mais bonito do mundo era o sorriso que ele sorria para ela.

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